Degradação moral

* Por Elizeu Martinelli

15/03/2025 11H23

* Por Elizeu Martinelli

José sempre foi um homem íntegro. Um dia, mentiu para evitar um pequeno problema no trabalho. "Foi só uma vez", pensou. Na semana seguinte, precisou mentir de novo, desta vez para encobrir um erro. Depois, aceitou um favor em troca de silêncio sobre uma irregularidade. Quando percebeu, já não se reconhecia mais.

A degradação moral não acontece de repente, ela começa com um passo pequeno e, quando se nota, o caminho já foi percorrido.

Vivemos em um momento crítico em nossa sociedade, em que prevalece a ideia de “cada um por si e Deus por todos”. Mas não se trata apenas de individualismo, pois ainda vemos, em nosso dia a dia, pessoas ajudando umas às outras. O grande problema aparece justamente quando percebemos ações moralmente duvidosas na maioria das pessoas, inclusive em pessoas boas do nosso ciclo.

Essa degradação moral vai acontecendo progressivamente no âmbito individual e no coletivo. O estado ineficiente para prestar uma boa educação e as famílias cada vez mais desestruturadas criam um ambiente propício à formação de indivíduos moralmente duvidosos. Com o tempo, essas práticas, antes restritas a poucos indivíduos, passam a ser toleradas, depois aceitas como normais. Na última fase, tornam-se um hábito enraizado e, consequentemente, coletivas.

Práticas como quebrar regras de trânsito, pagar ou receber suborno para adiantar burocracias, levar material de expediente da empresa pra casa e vários outros exemplos, desde a simples falta de senso comum, respeito e cortesia para com o próximo. Além disso, a degradação intelectual vem se aprofundando no mesmo ritmo, impulsionada por uma cultura de entretenimento raso, por meio de letras musicais indecentes e conteúdos superficiais nas redes sociais. Uma formação universitária esvaziada, em que o foco está no diploma e não no conhecimento real. As pessoas não sabem mais a diferença entre opinião e fato. Polarização extrema, desvalorização da ciência, história e cultura.

Exemplos não faltam. O que devemos fazer é repensar. As escolhas que fazemos contribuem para o tipo de sociedade que queremos construir. Resgatar valores como ética, respeito e conhecimento é um compromisso individual que pode transformar o coletivo

* Elizeu Martinelli, empreendedor e consultor de mídias sociais

Independente

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